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O Segredo da Chuva - Sexta Parte

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II Capitulo - Vegetal sem Nome


         Pra frente, pra trás... Pra frente, pra trás... Movimentava-me impacientemente no sofá-balanço da varanda. O tédio estava me matando e eu que queria matar ele.

         Não tinha sequer alguma coisa interessante para pensar. Nada. Nem interessado na nova escola eu estava.

         E o que aconteceu no dia anterior...

         Hoje já era sábado. Faltava um dia para voltarmos à escola.

         Não tinha como... Stefany estava lá embaixo, na cozinha, conversando com minha mãe.

         Acho que na segunda vou acordar depois de Stefany, pra não termos que ir juntos pra escola.

         Ao mesmo tempo, sinto que isso é besteira pra me preocupar. Mas que é estranho, ah, isso é.

         Pensando em duas coisas ao mesmo tempo, ouvi um "bafafá" dentro de casa. Fiquei curioso e resolvi verificar.

         Entrei e segui até a cozinha. Minha mãe estava enfiada dentro da geladeira, enquanto meu pai vasculhava dentro de uma caixa de isopor na mesa.

– Pai, vamos logo com isso! Senão vamos ficar pouco tempo por lá, o sol vai esquentar muito! – Chegou Stefany de biquíni, toda se achando.

– Menina, vá pôr um short! – Gritou ele.

– O que tá havendo aqui? – Perguntei, me sentindo "o excluído". Precisava de toda essa arrumação, somente para irem à piscina aqui do lado?

– Querido, iremos à praia. Temos que aproveitar que está fazendo sol lá fora! – Disse minha mãe, saindo de perto da geladeira, revelando-se com um maiô azul.

– Até que enfim, não é? Só andava chovendo nessa cidade! – Reclama Stefany, brincando com a embalagem do protetor solar.

– Estamos no inverno, vocês queriam o quê? Você vem também, não é Bernardo? Vamos, vá colocar um calção! Rápido, que já estamos atrasados! – Disse meu pai, fechando a caixa de isopor e a colocando em seu ombro esquerdo. Em seguida, todos saíram de casa, só restando eu na cozinha.

– Bernardo! Anda logo! – Me chamaram, fui até a varanda correndo.

– Eu não vou gente... Prefiro ficar em casa mesmo.

– Tem certeza? – Perguntou minha mãe, vindo até mim, colocando instantaneamente sua mão em minha testa. Ela achava que eu estava doente só porque eu não queria ir à praia?

– Não estou doente mãe, apenas não tô no clima pra sair.

– Ok então rapaz, fique aí cuidando da casa! Até mais tarde! – Se despediu meu pai, já se enfiando no carro, no banco do motorista.

– Nos divertiremos por você, maninho! – Gritou Stefany, dando língua. Ainda bem que ela vai junto, aff.

– Tchau meu amor, se cuida! – Minha mãe me deu um beijo na testa e entrou no carro também.




         Tédio. Passei algumas horas vendo televisão na sala. Afinal, porque eu não quis ir junto também?

         Tanto programa inútil passando. Resolvi desligar a TV, e me enterrei no sofá. Não sei quanto tempo dormi, só sei que acordei com o barulho da chuva e de algo batendo muito forte no andar de cima. Que horas são? Levantei-me a contragosto, me arrastando em direção às escadas. Onde tá todo mundo? Na praia, seu idiota. Com essa chuva? Haha, foi melhor ter ficado em casa.

         Acendendo as luzes, subi as escadas e fui até o meu quarto. Com essa chuva, tudo escureceu, parecia até que já era final de tarde. Ou será que dormi demais? E o povo que não chega?

         Já me aproximando do quarto, percebi que a porta estava entreaberta. Dava pra ver que as portas de vidro abriam e fechavam sem parar, estava chovendo tanto assim? Faltando somente dois passos, vislumbrei dois olhos esbugalhados num rosto extremamente pálido na fresta da porta, e esta se fechou violentamente. Tomei um grande susto, chega caí pra trás. O som da porta se fechando coincidiu com uma trovoada lá fora. Havia alguém no meu quarto.

         Mas o que era aquilo? Eu precisava fazer algo... Assim que me levantei, todas as luzes da casa se apagaram. Segurei-me fortemente no corrimão da escada atrás de mim. A porta do quarto abriu sozinha, aos poucos, deixando novamente uma fresta. Vi um claro repentino de relâmpago e logo depois, dois pares de olhos fixados em mim, a poucos centímetros do chão. Fiquei confuso, não sabia se corria, pra onde iria... Não tive tempo para pensar, os pares de olhos foram tomando altitude, até que ficaram numa estatura muito superior à minha. Minhas pernas ficaram bambas. Era maior que eu. Os olhos se estreitaram e de repente, um vento forte abriu a porta, sugando tudo que havia do lado de fora para o interior do quarto, inclusive eu. Minhas mãos escorregaram do corrimão da escada e bati o ombro esquerdo ao ser sugado pela porta. Fui parar no fundo do quarto, próximo ao banheiro; bati com as costas na parede. Fiquei sem ar por alguns minutos por conta da batida.

         Naquela hora, fiquei agoniado com a escuridão do quarto, que não revelava nada. Isso me deixava ainda mais aflito e conseqüentemente, implorando por mais oxigênio. Em alguns momentos, com a ajuda das luzes dos relâmpagos, puder notar que o chão estava repleto de coisas... Respirando melhor, levantei-me com cuidado, sentindo o ombro doer um pouco. Tentava enxergar o máximo que podia do quarto. As portas de vidro estavam abertas, tratei de fechá-las. "A Coisa" podia estar do lado de fora. Idiotice minha apenas fechar as portas. Seja lá quem for, qualquer um poderia quebrar facilmente com apenas uns chutes. Um clarão de relâmpago iluminou novamente o quarto, então pude enxergar melhor. Tudo estava completamente revirado. Todas as minhas coisas estavam largadas no chão, incluindo minhas roupas. Algumas portas do meu guarda-roupa estavam abertas, haviam coisas espelhadas pela cama também... Uma palavra me veio à mente: Ladrão.

         Ouvindo somente o som da minha respiração, continuei a tentar identificar o estrago que tinha ficado meu quarto. Assim que me lembrei de acender o interruptor, novamente um clarão de relâmpago, acompanhado por um trovão, iluminou precariamente o quarto. Voltei minha atenção para o espelho de uma das portas do guarda-roupa, onde pude ver rapidamente a silhueta de uma garota, e então reconheci seu olhar ameaçador. Assim que a vi, recebi um golpe tão forte que me jogou novamente de encontro à parede. Alguns segundos depois, me recompus e saí cambaleando do quarto, desesperado. Não sei como consegui descer as escadas com a casa totalmente às escuras. Assim que cheguei à sala, fui até a porta de saída, me libertando daquela casa dos infernos. Não fiquei na varanda, passei pelo portão e corri vacilante até o outro lado da rua. Deixei-me cair sob a calçada, mesmo debaixo de chuva.
...

Bem, eis a sexta parte de "O Segredo da Chuva".

É agora que começa o segundo capitulo: "Vegetal sem Nome".

As 5 partes anterios pertencem ao primeiro capitulo: "Pra tudo tem um Inicio" (sim, o primeiro capitulo foi tudo que postei da história até agora!)

Espero que gostem ^^

amplexos, fuii



* Erros, não deixem de me avisar!

LINKS:

Primeira Parte (leia a história desde o início, pra entender melhor né) -> [link]

Quinta Parte -> [link]

Sexta Parte -> Vc tá aqui ^^

Sétima Parte -> [link]
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Comments4
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Marcelopvf's avatar
Só pude ler hoje seu texto! Continua gostoso de ler. Parabéns!
Quando sai a 7?